08 dezembro 2013

ENTREVISTA COM REYNALDO COSTA


É com imenso prazer que falo de um artista do naipe desse entrevistado. Com talento grandioso ele é um artista completo, compositor, arranjador, e músico com uma humildade que deveria ser seguida como exemplo por muitos. Tem trabalho firmado no Brasil e no exterior. Recentemente está fechando um trabalho com uma gravadora americana. Tem vários CDs lançados, DVD e vários vídeos no you tube. Pesquise esse excelente talento que por nossa sorte é brasileiro. O músico está vindo ensaiar na cidade de Italva-RJ em um trabalho firmado com o músico baixista ADILTON DO NASCIMENTO. É muito gratificante poder acompanhar esse artista e compartilhar o meu estudo para as suas belas composições.  Vamos conhecer um pouco da história de REYNALDO COSTA que tem uma parceria com a compositora e empresária  MARCIA JUANES. Dois profissionais de mão cheia. Na entrevista links de vídeos para assistir. ABAIXO VIDEOS QUE GRAVEI COM O CANTOR.



AN - Onde nasceu? 
RC - Niterói/RJ, em 28 de julho de 1965.

AN - Com quantos anos começou o interesse pela música? 
RC - Segundo minha mãe, quando tinha três anos de idade, o nosso vizinho, Sr. Benjamin, apelidou-me de “o cantador” pelo fato de, ao acordar, ir para varanda da casa onde morávamos, na rua Porciúncula nº 45, casa 06 / Vila,  Largo do Barradas, Niterói, onde ficava cantarolando por longo tempo. Acho que nessa fase o meu lado artístico começava a dar sinais de sua graça. Aos nove anos ganhei a minha primeira guitarra na festa de confraternização da empresa em que minha mãe trabalhava. Os filhos de cada funcionário eram chamados para retirar (aleatoriamente) um presente da árvore de Natal. Ao abrir me deparei com uma guitarra de plástico de cor vermelha com um escudo branco e não a larguei mais, nem para dormir. Aí começou a minha paixão pela guitarra.
   
AN - Em sua família tem outros músicos? 
RC - Sim, minha tia avó, Angeolina Martins Petrópolis, cantora lírica, que inclusive foi homenageada com nome de rua no bairro de Itaipu em Niterói/RJ.

AN - Descreva alguns artistas com quem você trabalhou. 
RC - Em 2001 a cantora Amelinha participou, em dueto, em minha canção “Nos Esquecer”, faixa 13, do álbum Acreditar, produzido por Arthur Maia e lançado pelo selo Niterói Discos, em 2011. Na canção, além da Amelinha, tive o prazer de ser acompanhado por Arthur Maia (baixo e percussão), Claudinho Infante (bateria), Lui Coimbra (cello), William Magalhães (teclado) e eu, nos violões. Nos Esquecer

AN - Você tem algum trabalho instrumental?
RC - Sim, a canção Mediterrâneo (violão flamenco), Tô Levando, Duas Vias e recentemente, a canção Peregrino, em parceria com o músico italvense Adilton Nascimento.
                       

AN - Fale um pouco sobre suas influências:
RC - Os Beatles marcaram muito, em especial a canção Day Tripper. Eric Clapton, Led Zepellin, Van Halen, este último, o meu grande mentor na guitarra. Não posso deixar de citar ainda as tardes em que escutava na vitrola, junto com meu pai, Carlile, Nelson Gonçalves (seleções de Ouro), Altemar Dutra e Moreira da Silva, os dois últimos, os preferidos de minha mãe, Ilza. Quanta saudade!


AN - Você é endosse de alguma firma? 
RC - Ainda não.


AN - Com quem você está trabalhando atualmente?   
RC - Márcio Andrene (baixo), Tiago de Souza (bateria) e Régis Gonçalves (percussão e bateria).

AN - Fale um pouco sobre o seu início na música, como tudo começou. 
RC - Sinto que nasci com a música circulando em minhas veias. Transpiro música. Aos 12 anos, tocando nos bordões do violão de meu irmão mais velho, Roberto, comecei a dedilhar os primeiros acordes da música que ele adorava escutar: Standy By Me, de John Lennon. Um dia, ele chegou e me viu tocar, o que o levou a providenciar minha matrícula no Conservatório de Música Vila Lobos, no Rio de Janeiro, onde estudei teoria, harmonia e prática do instrumento (1978–1984). No início da minha carreira tive duas bandas. A primeira, Maribondos do Arizona (1981-1984) com Reynaldo Costa (voz/guitarra), Flavio Rios (guitarra), Jader (baixo) e Banga (bateria). Na época fazíamos cover da Rita Lee (banda Tutti Frutti), Beatles e Kiss. A segunda, Limiar (1984-1987) formada por Oscar Calheiros (guitarra), Bosco (baixo), Adriano (bateria), Gustavo (teclado) e eu, voz e guitarra, aonde além de cover de Paralamas, Lulu Santos, Roupa Nova, Beatles, chegamos a introduzir algumas canções autorais, como Somente o Passado, Pode Crer (Reynaldo Costa) e Geração da Luz (Oscar).


AN - Fale dos estilos musicais que contribuíram para a sua formação musical. 
RC - Do rock clássico, Beatles, Led Zepellin; do jazz, Stanley Clarke, John McLaughlin, Jeff Beck; do violão clássico, Andrés Segovia; do violão flamenco, Paco de Lucía; do blues, Eric Clapton, Buddy Guy, Robert Cray; do hard rock, Eddie Van Halen, Jack E. Lee.   


AN - Dê uma dica para os iniciantes: 
RC - Escutar e estudar muito e, acima de tudo, buscar a sua autenticidade musical, não sendo apenas um cover e, é claro, jamais deixar de acreditar em você! Mesmo que seja difícil, beirando ao impossível:  Acreditar(Reynaldo Costa).
                       
                         
AN - Descreva suas maiores dificuldades no início da carreira: 
RC - Sou de uma época em que a informação era restrita, cara, diferentemente de hoje, onde contamos com a internet e outras mídias, como ferramenta de estudos, de interatividade social e profissional, representando uma grande aliada na construção do artista e na divulgação do seu trabalho. Não posso também deixar de citar que as recentes reformulações na área de comércio exterior, as quais o Brasil implementou nos últimos anos, facilitaram o acesso aos equipamentos e instrumentos de melhor qualidade, além disso, a política econômica voltada para a maior disponibilidade de crédito propiciou a aquisição, por meio de financiamento a médio e longo prazos, de toda infra-estrutura necessária à formação de um profissional.

AN - Em termos de vocal, quais as suas influencias? 
RC - Os grandes cantores e intérpretes, Louis Armstrong, Barry White, Al Jarreau, Nat King Cole, Ella Fitzgerald e Nelson Gonçalves.

AN - Fale da sua nova parceria com o músico Adilton Nascimento, de Italva/RJ. 
RC - Tive o prazer de conhecer o grande músico Adilton Nascimento através da Célia Juannes, irmã de minha produtora, Márcia Juannes. Do recente primeiro encontro nasceu uma canção de nossa promissora parceria: Peregrino, com Reynaldo Costa (guitarrra) e Adilton Nascimento (baixo). Novos encontros prometem!  Peregrino

AN - Existe algum fato marcante, em relação ao seu trabalho, que gostaria de citar?           
RC - Primeiramente, a parceria com a poetisa, produtora Márcia Juannes e o contato, em junho último, de uma empresa americana interessada em divulgar o vídeo de minha canção So Tell Me Why?, do EP Without Border, mediante assinatura de contrato. Este último fato realça a importância da internet na divulgação e promoção de bons trabalhos. SoTell Me Why?

AN - Reynaldo, onde o nosso leitor poderá ter acesso ao seu trabalho, como álbuns, redes sociais, agenda de shows? 
RC - Na internet, através dos seguintes endereços:

www.myspace.com/reycosta
@CostaFaria


AN - Agradecimentos. 
RC - Em especial, a minha mãe, aos meus tios, Diolizet e Rafael e a todos que incentivam, apoiam e participam da minha trajetória musical como, o meu irmão Roberto, a poeta e produtora, Márcia Juannes, entre outros, como você, Adilton Nascimento e o Erivelton Mendes, que através do Italva em Foco nos permite divulgar o nosso trabalho, promovendo uma maior proximidade/interatividade entre o artista e o público. 

12 novembro 2013

CONSTRUINDO UM INSTRUMENTO PARTE 2


Olá. Nessa matéria vou falar de algumas madeiras usadas na construção dos instrumentos. Somente algumas, já que existem uma variedade imensa em todo o mundo. A madeira é a peça fundamental na construção de  um bom instrumento e é importante que elas estejam bem secas, para não apresentar problemas futuros, por isso que, em matéria anterior, frisei que na compra do instrumento o comprador precisa ficar de olho nas madeiras usadas. Geralmente se usa no corpo cedro, mogno, axe e alder. Já no braço recomenda-se o marfim ou maple. Na escala do instrumento é bom usar jacarandá, maple, marfim, ebano entre outras. A variedade é grande, entretanto essas são as mais usadas. Essas madeiras precisam estar bem secas e sem rachados. Isso evita problemas futuro como empeno, rachaduras no braço, aparecimento de fissuras entre outros.

Corpo em Mogno
É no corpo do instrumento que se encontra a parte elétrica, a ponte, os captadores e os knobs, botões de regulagem. Os timbres do instrumento estão ligados diretamente nesse corpo. Se bem escolhidas, algumas madeiras, unidas a um bom captador e uma boa ferragem, dão sons mais  graves, outras com os médios e agudos mais bonitos. Se o músico tiver esse conhecimento básico, pode adquirir um bom instrumento.




No braço estão a escala, os trastes e a mão do instrumento, onde fica fixada as tarraxas. Existem instrumentos que não tem trastes e nem a mão. Abaixo enumerei algumas madeiras e suas características. Nas próximas matérias vou falar dos captadores e marcas mais usadas.



Marfim
MARFIM: madeira clara, pesada e resistente. A característica sonora é aguda com muito ataque. Usada nas estruturas centrais dos braços, nos corpos e nos tampos.

JACARANDÁ: diversos são os tipos de jacarandá existentes. Os mais usados são de cor chocolate com traços avermelhados, violeta e algumas peças bem claras para longarinas e tampos. É madeira muito dura e de alta resistência. Sua sonoridade é muito marcante nos graves com notas bem precisas e com muito sustem, principalmente nas escalas e para acabamento.

Jacarandá
ROXINHO: madeira de cor roxa com poucos desenhos, muito dura e resistente. Sonoridade muito grave. Usada basicamente nas pequenas longarinas que formam a estrutura dos braços.

IMBUIA: madeira de cor marrom e normalmente muito exótica (figurada). É relativamente dura. Usada basicamente nos tampos e nos fundos dos instrumentos.

MAPLE: madeira de cor parda de boa densidade e resistência. De sonoridade aguda. Existem vários tipos de maple; flamed, curly, burl , quilted e spalted que são usadas  no braço e nos tampos dos instrumentos inteiriços (masters).

Roxinho
MOGNO (Mahogany): Madeira macia, pesada, com o som "morno", repleto de frequências baixas e médias e é muito usado no corpo e nos tampos.

ALMIEIRO (Alder): Madeira dura, densa, de som cheio e encorpado, frequências bem equilibradas. É a madeira clássica das fender strato. 

FREIXO (Ash): Madeira dura, densa, pesada, porosa, de som estridente. É muito rica em agudos. Foi usada nas primeiras stratos e nas teles. Atualmente é usado nos modelos mais caros da Fender. Som mais bluseiro.


Maple
BORDO (Maple): Madeira muito densa e dura. Ideal para suportar a tensão das cordas. Por isso é muito utilizada como braço para os instrumentos. É também utilizada como "Cobertura" no corpo dos instrumentos mais caros de mogno (como nas Gibson Standart e Custom, bem como nas PRS), pois além de ser bonita, acrescenta frequências mais altas à sonoridade obscura do mogno. É muito pesada para servir de corpo, mas existem guitarras com corpo de maple.

  
Imbuia

ÉBANO (Ebony): É muito densa, escura, linda, muito brilho, e caríssima, quase extinta no mundo. É usada como escala das guitarras mais luxuosas.

Meu Baixo de 6 cordas feito
por Daniel Rossi
Um dos meus baixos feito
pelo Eliezer (frente imbuia)












Este meu outro baixo
por Eliezer (frente mogno)
Essas informações são muito importantes, principalmente para músico que quer ter sua identidade sonora. Breve vou falar dos captadores e dos circuitos. Uma pergunta: Captadores passivos ou ativos? Aguarde...

Um dos meus luthiers,  Daniel Rossi de Nova Prata-RS, está terminando um dos meus baixos. Vou fazer uma matéria passo a passo da construção desse BAIXO. Madeiras usadas, captador e parte elétrica. Breve também matéria com músicos de nossa cidade. Abraços.



13 outubro 2013

ENTREVISTA COM ROBERTO MENESCAL


É com muito prazer que faço essa matéria com um dos ícones da música brasileira e mundial, e um dos fundadores do ritmo que encanta o mundo, a BOSSA NOVA. Ele é referencia para vários músicos no planeta e é brasileiro. Descontraído e gente boa, vamos conhecer um pouco da história do maestro ROBERTO MENESCAL. Com vários projetos feitos na música, recentemente MENESCAL lançou uma obra de arte que não pode faltar na estante dos amantes da música, seu PLAY ALONG. O meu já está comigo. Parabéns pela obra de arte MENESCAL.


Adilton: Menescal onde você nasceu? 
Menescal: Vitória, Espirito Santo

Adilton: Quando começou o interesse pela música?
Menescal: Que me lembre, a primeira manifestação foi quando eu tinha 11 anos de idade. Meu pai me deu uma gaitinha de plástico de uns três centímetros e quando ele voltou à noite, eu toquei para ele "Asa Branca"

Adilton: Você é um excelente compositor, tem varias músicas de sucesso. Fale um pouco desse processo de compor. Quais os principais itens para uma boa composição?
Menescal: A composição para mim tem sido quase um processo de análise, pois através disso, ponho pra fora "os bichos” e não preciso gastar dinheiro com analista, ao contrário, até dá para ganhar algum. Meu processo de compor não é muito pela inspiração e sim pela transpiração, é chegar e trabalhar.

Adilton: Fale do seu inicio, das dificuldades encontradas.
Menescal: Não posso falar muito em dificuldades, pois sempre tive sorte de estar nos lugares e momentos certos. Estava morando no Rio, lugar e época do começo da Bossa, e um momento do século onde todas as transformações sociais e culturais aconteceram, não somente no Brasil, como no resto do mundo.

Adilton: Quais foram  as suas influencias na música? 
Menescal: Fui muito influenciado pelos grandes musicais de cinema dos anos 50 e 60. Curtia muito jazz e por não saber tocar bem a batida de samba, fui procurando fazer uma e assim como nossos colegas, achamos a "batidinha da Bossa". Curti muito os grandes Boleros e Sambas-Canção.

Adilton: Eu leio muito sobre sua carreira e vi que você estudou com o Edinho do Trio Irakitan. Fale um pouco dessa experiência. Depois do Edinho, quem foram surgindo para sua formação musical? 
Menescal: Edinho era o violonista e arranjador de um grupo vocal chamado "Trio Yrakitan” e me ensinou muita coisa no violão. Quando eu estava começando conheci Carlos Lyra, que também me ensinou muito e fui "roubando"os acordes de todos que eu encontrava. Mais tarde estudei com Moacyr Santos, Guerra Peixe, e o resto fui aprendendo com a vida.

Adilton: Como nasceu um dos maiores movimentos musicais do mundo, a bossa nova? 
Menescal: A BN foi surgindo espontaneamente como uma música necessária para uma geração de jovens, que despontava com novas idéias e atitudes que mudaram o comportamento estético das gerações passadas, aqui no Brasil e no resto do mundo (vide os Beatles).

Menescal, cantora Cris Delano e Adilton do Nascimento

Adilton: Os seus principais parceiros da época? Fale um pouco de cada um deles. 
Menescal: Meu primeiro parceiro e o mais constante também foi o Ronaldo Boscoli, jornalista, mais velho que a gente, muito inteligente, sagaz, e com uma visão muito moderna do que viria a ser o próximo estilo de arte no mundo. Fizemos cerca de 300 músicas. Tive outros como Lula Freire com quem trabalhei muito. Continuo fazendo música com quem me aparece com propostas interessantes.


Adilton: O seu primeiro encontro com o João Gilberto foi em uma festa na sua casa, conte para nós como foi.
Menescal: Eu ouvia falar muito sobre João e uma noite ele bateu lá em casa, aliás, no único dia em que meus pais deram uma festa em casa. Quando vi que era o João Gilberto, troquei de roupa e me mandei com ele pela noite à dentro, parando em várias casas de amigos mostrando aquele que veio logo adiante a ser nosso grande sucesso.

Adilton: Fale um pouco de sua experiencia no exterior com a nossa música.
Menescal: A nossa música nos jogou no mundo, antes de estarmos preparados, pois não tínhamos noção de que poderíamos fazer algo lá fora. Somente chegando em NY no ano de 62, é que entendemos que a BN já estava lá antes da gente chegar, e aí vimos que o mundo estava se abrindo para nós.

Adilton: As suas principais interpretes. Comente sobre elas.
Menescal: Meu parceiro me apelidou de “Rabo de cometa”, pois estava sempre atrás de uma estrela. Fui gravado por vários cantores logo no meu começo de compositor como: Nara, Sylvia Telles, Pery Ribeiro, Alaide Costa, Lucio Alves, Agostinho dos Santos, Maysa etc... Mais tarde , Elis Regina, Zizi Possi, Emilio Santiago, Nana Caymmi, Leila Pinheiro, Wanda Sá, Joyce, Os Cariocas e mais dezenas de artistas fabulosos.

Adilton: Num determinado momento a bossa nova se divide entre os puristas e os que seguiram a música de protesto, comente. 
Menescal: Quando veio a revolução, sentimos que nossa música não tinha o assunto necessário à época, pois a música passou a ser a grande arma dos intelectuais para a luta contra aquela situação, então, não querendo aproveitar, mudando nosso estilo, nos recolhemos e só voltamos a aparecer novamente por volta dos anos 80. Nesta época de recolhimento como compositor, fui estudar orquestração com o Maestro Guerra Peixe.

Adilton: Fale do concerto no Carnegie Hall, 21 de novembro de1962.
Menescal: O Show do Carnegie Hall foi um divisor da maior importância nos rumos da Bossa Nova. Fomos para lá, como já disse, sem sabermos da importância de nossa música naquele país, e ao chegarmos, vimos que os músicos de Jazz já gravavam nossa música e conseguiam ótimas colocações nos Hit Parade, o que nos abriu oportunidades no mundo inteiro. O Show do Carnegie Hall foi concorridíssimo pelos artistas que queriam se apresentar naquela noite, e também pelo público que lotou o teatro e pelos que não conseguiram entrar. Depois dessa noite, nossa turminha da BN acabou, pois nossas reuniões de todas as noites acabaram já que cada um foi aproveitar essa oportunidade que se abria, ficando uns em NY, outros em Los Angeles, outros no México, outros em Paris, etc...

Adilton: A bossa nova é uma das músicas mais ouvidas no mundo. Como foi essa propaganda mundo a fora?
Menescal: Foi uma decorrência natural pois não tínhamos experiência em Marketing, (imaginem se tivéssemos internet naquela época). Apenas as pessoas gostavam, compravam os discos e levavam para seus países,difundindo nossa música.

Adilton: Você esteve muito tempo na Polygram, como foi essa experiencia? 
Menescal: Quando começou o movimento musical de protesto, que lutava contra a ditadura instalada no nosso país, fui convidado para ser diretor artístico da Polygram. Senti que seria uma oportunidade boa de trabalho nessa época que nossa música ficou hibernando, peguei essa missão e mais uma vez tive sorte, pois era o momento da grande virada do do disco no mundo e a Polygram formou um Cast notável de artistas novos e de muito talento, que ajudaram a gravadora atingir o primeiro lugar no mercado nacional, e mais uma vez, estava eu no lugar e época certos.

Adilton: Comente da famosa Rua Nascimento e Silva  e de sua amizade com nosso saudoso Tom Tobim.
Menescal: Mais uma de minhas sortes. Eu morava em Ipanema pertinho do nosso compositor maior, nosso grande mestre, e que me dava a maior guarida, me chamando sempre em sua casa e me ensinando muitas coisas (sem mostrar que estava ensinando). Foi uma fase da maior importância na minha vida. "Benção meu mestre Jobim".

Adilton: Fale um pouco da sua parceria com a cantora Wanda Sá e do show declaração, que inclusive, por intermédio de Alonso Delpino (Calcario Maravilha), e do gerente executivo sesi/senai, Gregory Guzowski, estou tentando trazer aqui no sesc de Itaperuna. 
Menescal: "Declaração”, como o próprio nome diz, é uma comemoração desses quase 50 anos de amizade e parceria entre Wanda e Eu. Fui professor dela no violão, fui produtor de seu primeiro Long Play, fizemos shows pelo Brasil todo e por muitos lugares por esse mundo a fora, e por isso tudo, resolvemos comemorar toda essa nossa "viagem".

Adilton: Dê algumas dicas para os músicos que estão começando agora.
Menescal: Cara, não me sinto capaz de dar conselhos a ninguém, pois o que funcionou comigo não obrigatoriamente funcionaria com alguém mais. O que posso dizer é que tente ficar focado o tempo todo no que escolhemos como profissão, desejo e quase religião, pois nada melhor do que conseguir viver de música.

Adilton: Agradecimentos.
Menescal: Agradeço a Deus e ao mundo por conseguir trabalhar intensamente naquilo que ajudei a criar há 50 anos atrás, quando a maioria nessa fase de vida, já estaria parando, se aposentando, desistindo. Posso dizer que essas palavras não se encaixam em mim, pois me sinto muito garoto tocando minha guitarrinha. Agradeço a você Adilton do Nascimento, grande músico, por abrir esse espaço para contar um pouco de nossa história. Abraços, Menescal

16 setembro 2013

ENTREVISTA COM RONALDO LOBO

É com muito prazer que faço essa entrevista com esse grande amigo e profissional, um dos melhores professores de música do Brasil e um dos fundadores do festival do contrabaixo que vem descobrindo talentos em todo o país. Ele é professor de uma das maiores escolas de música do BRASIL, a IBT. Meu amigo RONALDO LOBO.



Adilton –ONDE NASCEU?
Lobo - Nasci em São Paulo capital, no Bairro da Lapa e tenho 45 anos.

Adilton –QUANDO COMEÇOU A TOCAR?
Lobo - Aos 12 anos comecei tocar violão, mas parei logo. Com 14 comecei com o Baixo.

Adilton – TEM ALGUM MÚSICO PROFISSIONAL EM SUA FAMILIA?
Lobo - Não, meu avô tocava alguns instrumentos, mas só de lazer.

Adilton – FALE UM POUCO SOBRE SEU TRABALHO?
Lobo - Acompanhei algumas pessoas, mas elas não são conhecidas. Meu trabalho foi mais com bandas. Toquei nas bandas  Desequilíbrios e Blezqi Zatsaz, em ambas gravamos CDs e depois fui pra  carreira solo.

Adilton – VOCÊ TEM ALGUM TRABALHO SOLO?
Lobo - Tenho meu trabalho solo Ronaldo Lobo Trio, que gravei em 2007. Ainda tenho um trio chamado Nonsense e um chamado Mossapy (Jazz).

Adilton –SUAS INFLUÊNCIAS?
Lobo - Sempre gostei muito do John Patitucci, na sua limpeza das notas, mas estudei muito o Stuart Hamm e Billy Sheehan. Gosto muito também do Gary Willis e do Dave Larue. Outro cara que me impressiona muito é o Brian Bromberg entre muitos outros...

Adilton –VOCÊ É PATROCINADO POR ALGUMA FIRMA?
Lobo - Hoje sou endorsee das corda SG, amplificadores Pezo e dos Baixo Mendes

Adilton –POR SER UM EXCELENTE MÚSICO E PROFESSOR, VOCÊ TEM FEITO MUITO WORKSHOP?
Lobo - Tenho meu trabalho de baixo solo onde faço festivais no Brasil todo, master classes e workshops. E agora vou com esse trabalho pro festival internacional de New Hampshire (EUA). Ainda tenho uma Banda de Blues chamada RL Blues Band.

Adilton – FALE UM POUCO DO SEU INICIO NA MÚSICA.
Lobo - Tudo começou em festivais de colégios. A minha primeira banda se apresentou em um colégio e alguns amigos me viram tocar, dai  me chamaram para outras bandas. Tocávamos em muitos festivais de escolas naquela época e "detalhe", musica própria.

Adilton – O RITMO QUE MAIS CURTE?
Lobo - Sou roqueiro por natureza, então acompanhei todas as grandes bandas de rock dos anos 80, fora isso gosto muito do Fusion e do Jazz.

Adilton – DE UMA DICA PARA OS INICIANTES.
Lobo - Acho que a melhor dica é estudar muito!!

Adilton – FALE DAS PRINCIPAIS DIFICULDADES DO INICIO DE CARREIRA.
Lobo - Bem, na minha época era difícil achar material didático e professores. Os instrumentos bons eram muito caros também.

Adilton –AS BANDAS QUE MAIS CURTE?
Lobo - Como Banda, Queen, Led Zeppelin, Sabbath, Van Halen, Deep Purple, AC/DC, Zappa etc…

Adilton –AGRADECIMENTOS.
Lobo - ADILTON E O ITALVA EM FOCO. Obrigado por abrir esse espaço, pela oportunidade de abrir espaço para músicos e pra boa música. Nosso País está precisando.

01 setembro 2013

DOMINGUINHOS

Quero fazer uma homenagem a um dos maiores músicos do mundo e por nossa sorte brasileiro.  O Brasil perde um mito que vai ser lembrado pela eternidade com sua extensa obra musical. Dominguinhos morreu terça-feira (23/07), aos 72 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ele lutava havia seis anos contra um câncer de pulmão. De acordo com o hospital, o músico morreu às 18h em decorrência de complicações infecciosas e cardíacas. O velório aconteceu na Assembleia Legislativa de São Paulo.

DOMINGUINHOS
José Domingos de Morais, conhecido como Dominguinhos,  instrumentista, cantor e compositor brasileiro. Exímio sanfoneiro, teve como mestres nomes como Luiz Gonzaga e Orlando Silveira. Teve em sua formação musical influências de baião, bossa nova, choro, forró, xote e jazz. José Domingos de Morais nasceu no interior de Pernambuco, na cidade de Garanhuns, em 12 de fevereiro de 1941. Oriundo de família humilde, seu pai, mestre Chicão, era um conhecido sanfoneiro e afinador de sanfonas. Dominguinhos interessou-se por música desde cedo, começando a aprender sanfona com seis anos de idade, quando ganhou um pequeno acordeão de oito baixos e chegou a se apresentar em feiras livres e portas de hotéis em troca de algum dinheiro junto com seus dois irmãos, com quem formava o trio Os Três Pingüins. Praticava o instrumento por horas a fio, e logo tornou-se proficiente nas sanfonas de 48, 80 e 120 baixos, e acabou por tornar-se músico profissional ainda garoto.

Em 1950, aos nove anos de idade, conheceu Luiz Gonzaga quando tocava na porta do hotel em que este estava hospedado. Luiz Gonzaga se impressionou com a desenvoltura do menino e o convidou a ir ao Rio de Janeiro. Dominguinhos o fez em 1954, então com treze anos de idade, acompanhado do pai e dos dois irmãos, indo morar em Nilópolis. Ao encontrar-se com Luiz Gonzaga no Rio, este deu-lhe de presente uma sanfona e o integrou à sua equipe de músicos, e Dominguinhos passou a fazer shows pelo Brasil e participar de gravações. Em uma dessas viagens, em 1967, conhece a cantora de forró Anastácia (nome artístico de Lucinete Ferreira), com quem se casa e forma uma parceria artística que duraria onze anos. Dominguinhos já tinha um filho, Mauro, nascido em 1960 de seu primeiro casamento. Em 1976, Dominguinhos conhece a também cantora Guadalupe Mendonça, seu terceiro casamento, do qual nasceria uma filha, Liv. Separaram-se, mas mesmo após a separação, os dois mantiveram a amizade até a morte do cantor.

A sua integração à equipe de músicos de Luis Gonzaga fez com que ganhasse reputação como músico e arranjador e ele aproximou-se de músicos do movimento bossa nova. Fez trabalhos junto a inúmeros músicos de renome, como Gilberto Gil, Maria Bethânia, Elba Ramalho e Toquinho, e eventualmente acabou por consolidar uma carreira musical própria, englobando gêneros musicais diversos como bossa nova, jazz e pop.

Para falar de Dominguinhos  precisaria escrever um livro.  Músico com uma habilidade impressionante, deixou para nós uma obra que vai durar para eternidade. A música brasileira perde um dos maiores músicos e ganha uma obra construida com muito estudo e amor. Pesquisem o trabalho dele a fundo, vale a pena

11 agosto 2013

ENTREVISTA COM FRANK NEGRÃO


É com muito prazer que trago, para uma entrevista, esse músico brasileiro e baiano com swing impressionante.  O primeiro instrumentista da Bahia a lançar um DVD. Excelente músico que vem ganhando força em nossa música. Vamos conhecer um pouco  da história desse irmão da nossa música que em seu DVD não deixa a desejar e mostra sua excelente musicalidade. FRANK NEGRÃO.


Adilton: ONDE NASCEU E  QUANTOS ANOS VOCÊ TEM?
Frank: Nasci em Salvador, Bahia. Tenho 39 anos.

Adilton: COM QUANTOS ANOS COMEÇOU O INTERESSE PELA MÚSICA?
Frank: Na verdade sempre fui ligado a artes como artes plásticas e desenho, mas comecei na música aos 21 anos de idade por influência de amigos. 

Adilton: EM SUA FAMÍLIA TEM OUTROS MÚSICOS?
Frank: Na minha família tem poucos músicos, mas não tive contato com eles, pois são primos que moram longe.

Adilton: DESCREVA ALGUNS ARTISTAS QUE VOCÊ TRABALHOU?
Frank: São muitos, mas posso citar Roberto Mendes, Pierre Onassis entre outros tantos.

Adilton: VOCÊ TEM ALGUM TRABALHO INSTRUMENTAL?
Frank: Sim. Tenho um cd intitulado Soar lançado em 2007 e que foi premiado no Prêmio Braskem de Música e Artes e um DVD gravado no ano de 2011 e lançado no ano passado, que se chama Frank Negrão ao Vivo.

Adilton: FALE UM POUCO DE SUAS INFLUÊNCIAS?
Frank: Tenho muitas, porém as mais fortes e marcantes são Marcus Miller, Pixinga, Victor Wooten, Stanely Clarck e Jeff Berlin. Mais recentemente tenho admirado bastante Wayman Tisdale.

Adilton: VOCÊ É ENDOSE DE ALGUMA MARCA?
Frank: Infelizmente no momento não tenho marcas me apoiando.

Adilton: COM QUEM VOCÊ ESTÁ TOCANDO ATUALMENTE?
Frank: Atualmente tenho priorizado minha carreira - solo e alternado com minha função de sidemam e free - lancer.



Adilton: FALE UM POUCO DE SEU INÍCIO NA MÚSICA. COMO TUDO COMEÇOU?
Frank: A música entrou em minha vida por curiosidade mano, e hoje em dia, é impossível viver sem ela. Sou grato por poder me expressar de uma forma musical através do baixo. O início foi duro, mas com paciência e persistência, podemos alcançar grandes êxitos.

Adilton: FALE DOS ESTILOS DE MÚSICA QUE MAIS TE ESTIMULARAM A SER ESSE MÚSICO EXCELENTE, COM UMA POSTURA EXEMPLAR NO PALCO.
Frank: Olha, desde o início fui influenciado pela música instrumental. Então a música que me move é de fato a música universal e que faz o instrumento falar sem emitir uma só palavra.

Adilton: DÊ UMA DICA PARA OS INICIANTES.
Frank: Estudar sempre acima de tudo. 

Adilton: DESCREVA SUAS MAIORES DIFICULDADES NO INICIO DE CARREIRA.
Frank: Aprender coisas novas sem o acompanhamento de um professor especializado. Acho que foi o mais difícil.

Adilton: SUAS PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS HOJE EM SEU TRABALHO?
Frank: Atualmente, apesar de citar aqueles maravilhosos baixistas anteriormente, tenho ouvido pouco o baixo. Tenho me concentrado em aspectos tipo improvisação e harmonização, aliados a melodia. Essa curiosidade tem me levado a conhecer mais profundamente o trabalho de caras maravilhosos como Allan Holdsworth e Robert Glasper. Além disso, tenho ouvido muito música africana.

Adilton: AGRADECIMENTOS.
Frank: Agradecimento a meu grande amigo Adilton pela oportunidade e estamos juntos. Abração. 

28 julho 2013

CONSTRUÇÃO DE UM INSTRUMENTO

Recentemente, o meu luthier, Daniel Rossi, da D Rossi Instrumentos, fez um baixo de 4 cordas para mim. Quero mostrar a você leitor, como funciona a construção de um instrumento feito por um dos melhores luthierd do mundo. Primeiro escolhemos a madeira que irá compor o corpo. Neste caso escolhemos o CEDRO, madeira muito conhecida pelos brasileiros. Em seguida definimos o tampo, que é a parte da frente do instrumento. Para o tampo colocamos uma madeira chamada SATWOOD. Abaixo as fotos:






Corpo de Cedro
Tampo de Satwood











No braço do instrumento, o Daniel usou MAPLE na parte traseira e JACARANDÁ na escala.Nas fotos a construção do braço.Parte da frente e de trás do braço. Repare que ainda está sem os trastes.

Mão já furada para colocar as tarraxas.

O instrumento já colado e tomando forma.

Nessa foto vemos as cavidades do instrumento que já estão prontas para receber os captadores e os furos da ponte junto com os furos dos knobs .

O  furo traseiro onde fica toda a parte elétrica

Agora uma parte muito delicada, a pintura. Nessa fase o instrumento é, varias vezes, lixado e pintado, até que a madeira não apresente nenhum defeito em sua face. Este é um processo que requer muito do profissional. Na foto a primeira pintura. Essa parte leva mais ou menos um mês.

Agora sim, o contra-baixo está pronto para ser usado. Um trabalho perfeito realizado por um profissional. Um som apurado e com a escolha das madeiras certas para ter um instrumento top de linha. Parabéns ao luthier DANIEL ROSSI pela construção. Nesse instrumento usamos tarraxas da gotoh, ponte gotoh, trastes jumbo knobs gotoh. O sistema é totalmente passivo e os captadores da marca Cabrera. Com a blindagem feita no sistema não se houve ruído. O baixo foi testado pelo músico Adilton do Nascimento. Breve vídeos dos testes.