19 maio 2013

ENTREVISTA COM ELZA SOARES


Cheia de energia e simpatia, Elza Soares nasceu na favela de Água Santa, no subúrbio de Engenho de Dentro e já foi intitulada embaixatriz do samba e melhor cantora do universo pela BBC de Londres.  Para mim uma das maiores cantoras da atualidade, com uma energia em cima do palco exemplar e que é de dar inveja a muita gente nova. ELZA SOARES, um exemplo de vida e de samba no pé. É com muito prazer que bato um papo com essa excelente cantora, que viveu com um dos maiores jogadores de futebol do mundo, o inesquecível Mané Garrincha. Conheça um pouco de uma das maiores cantoras do planeta e por nossa sorte, brasileira.

Adilton: Elza, aos 12 anos você já era mãe e aos 18 viúva. Fale um pouco desse momento em sua vida? 
Elza: As duas foram uma surpresa. Casar aos 12 anos forçada pelo meu pai, que pensava que eu não era mais virgem porque eu brincava no mato e o cara entrou lá para brigar comigo por causa de um Louva-Deus, difícil. Ficar viúva aos 18 anos foi muito gozado cara, porque eu não sabia o que era aquilo. Tive muito medo e fiquei muito assustada. Mas acho que Deus te tira uma coisa e te dá outra. Ele tirou o marido e me deu a carreira. 
Adilton: O seu primeiro encontro com Ary Barroso foi meio turbolento, pois ele falou uma frase que te marcou. “De que planeta você veio?” Elza: Eu começo ver a cara do Ary Barroso, parece que me transporto para lá e na mesma hora eu lembro da cena.Adilton: No show de calouros você teve problemas com o Ary Barroso. E depois? Fale um pouco dele? Elza: No dia foi uma pessoa muito antipática, porque brincar com uma criança pobre, com uma menina necessitada, que tem que salvar um filho não dá. Eu fiquei zangada com ele. Hoje eu o acho o máximo, porque me ensinou como respeitar o público, como me arrumar. Ele me ensinou muita coisa, mas a principal é que, às vezes, ser sincero não é tão bom.Adilton: Tem alguma música que marcou sua vida? Elza: Acho que todas as músicas marcam muito. Meu Guri me marca muito, porque eu me canto e canto meu filhos. Se Acaso Você Chegasse, que foi a primeira que eu gravei, foi a mais marcante. Por ela consegui chegar a todos os lugares que eu quis.
Adilton: Fale um pouco de onde você nasceu, Favela de Água Santa?  Elza:  Favela de Água Santa me lembra tudo. Lata d´água na cabeça, nascimento dos filhos, menina soltando pipa, pulando corda, aquela infância de criança pobre que brinca muito mais do que criança rica. Por incrível que pareça, a gente inventa e pensamos que a felicidade está no filé mignon, mas não é só isso.

Adilton: Você se acha uma Mulata Assanhada? Elza: Totalmente. Porque sou feliz cara e toda pessoa feliz é assanhada, você sabia? (risos) Não tenho tempo para coisa ruim.Adilton: Você foi considerada a melhor cantora do milênio. Como você vê esse título? Elza: Foi tudo! Eu não esperava esse prêmio e quando veio, eu levei uma queda no Metropolitan, fraturei três vértebras, fiquei em uma cadeira de rodas e ninguém sabe.Adilton: Fale um pouco de suas composições? Elza: No DVD e CD ao vivo tem música minha e quando eu posso coloco, mas sem pretensão. Não sou um Djavan, um Caetano ou um Chico Buarque, mas canto os meus momentos.Adilton: Você já cantou bolero, tango, samba, bossa nova, jazz, funk e até música eletrônica. Qual seu ritmo? Elza: Não tenho. São todos. Do funk ao hip hop, do samba ao tango.Adilton: O que você acha sobre a música brasileira nos dias de hoje? Elza: Eu gosto mais da eletrônica. Esse país é um país totalmente rock’n’roll e gosto muito disso. Temos uma diversidade muito grande, acho isso ótimo. Sou adepta de tudo.
Adilton: De uma dica, como lição de vida? Elza: Que morremos da mesma maneira, nascemos da mesma maneira e somos do mesmo jeito. Não existe derrota que derrote quem nasceu para vencer.Adilton: Você se considera uma mulher feliz? Elza: Totalmente feliz. Por tudo isso que passei e que passo. Tem que ser feliz e se eu não fosse iria ser uma mulher horrorosa.Adilton: Você conseguiu realizar seu sonho de ser uma grande artista. Qual é o seu sonho hoje? Elza: Não sei. Eu sempre digo que "my name is now!", e como só tenho 24 horas de idade, o sonho, eu deixo acontecer.

Adilton: Deixe seus agradecimentos.
Elza: A você Adilton, um branco que arranca do seu baixo uma sonoridade bem brasileira e um som único e definido. A sua escola foi muito boa meu filho, por isso você faz isso, nos trazer para contar um pouco de nossas histórias. Fiquem com DEUS.

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